segunda-feira, 24 de maio de 2010

Semana Laboratório

Minha vida esta semana tanto na faculdade, quanto fora dela, foi um constante laboratório de experiências. Começamos bem com a experimentação do corpo na Dança, diversos grupos, diversas danças. Meu grupo trouxe para sala o Jumpstyle, um dos diversos tipos de dança para a música eletronica que trabalha através do pulo os movimentos corporais com sincronia entre braços, troncos e pernas.


Jumpstyle

Nessas experimentações comecei a observar o quão pouco conheço meu corpo. Não sabia da minha tamanha dificuldade para me expressar através de algumas danças nas quais são necessários um melhor jogo de quadril e tronco. Refleti sobre isso e me lembrei de MEDINA (1990, p.66) "O corpo é apropriado pela cultura. As instituições assumem seu papel. Como dizem é necessário a preparação (do corpo) para convívio em sociedade. É preciso aprender as regras sociais. Começa a divisão. Começa a educação. O corpo da criança vai sendo violado por um conjunto de regras...", "o que o corpo fala é o que o social está falando através do corpo". E entendi. A sociedade aceita com mais facilidade a mulher na dança e não tanto o homem. Quantas vezes ouvimos: "Ah! o homem que rebola vai virar gay", ouvi muitas vezes essa fala preconceituosa, um símbolo social já criado em mim, "educando" meu corpo desde a infância.

"Escritores da Liberdade" (Freedom Writers)  um filme que retrata muito bem a idéia de MEDINA quando traz a idéia da influencia da sociedade no corpo, e a idéia de classe dominante e classe dominada (aspectos capitalistas, individualistas e exclusivistas) e suas dificuldades.
A história é baseada em fatos reais, e se passa em uma escola periférica pública nos EUA onde a diversidade etnica é grande, gerando conflitos e como causa a criação de gangues.  
Erin Gruwell é a professora cheia de planos que entra na escola para pegar a turma "excluida" na escola, os alunos problemáticos. Ela enfrenta muitas dificuldades, mas aborda uma estratégia na qual assim como no filme "Vem dançar" o professor aborda. Se insere no contexto social dos alunos para entender melhor as suas realidades, e assim estabelecer uma estratégia melhor de ensino. No caso, ganhando consciencia das gangues, ela entra nesse assunto em sala de aula e logo associa com a Segunda guerra mundial (os problemas étnicocentricos e raciais e suas consequências) ganhando ajuda de "Any Franck" e seu diário (o livro) no qual retrata uma das vítimas do Holocausto por consequencia do etnocentrismo que é o principal problema do bairro e das gangues. Trazendo um conhecimento necessário para a vida dos jovens (Viviane Mosé - Café Filosófico), ela consegue resgatar aquela turma. Um ótimo filme, não só para educadores, mas para nós, Educados.

Uma das experimentações que tive recentemente proporcionou a oportunidade de entender melhor os movimentos atléticos e analisar nossa coordenação motora e sicronismos. Através de exercícios de iniciação a vida atlética, pude perceber o quão ruim sou no arremesso, e quão bom sou em movimentos de corrida e na sincronia braços e pernas. Uma experiencia muito interessante, trabalhada com materiais improvisados, como bolas de meia e garrafas pets.

A experimentação que prometi a vocês foi alcançada:

Imagem Base

Minha EXPERIÊNCIA

Sou o de branco. Consegui, depois de muitas tentativas... Não fiquei muitos segundos no ar, foi necessário muita força na lombar e nas pernas e um pouco de força nos braços e abdomem também. (risos)


O referencial usado por Jocimar Daolio em seu livro vem da Antropologia Social. Ele usa dela para entender melhor a prática “Professor de Educação Física”, afirmando que a antropologia social é o estudo do homem nas suas relações sociais e entendendo o mesmo como um construtor de significados para suas ações no mundo. E que somos seres sociais até mesmo em nossa profissão. Ele entende os profissionais de Educação Física como seres sociais buscando em sua profissão sentido para suas vidas.

Como seres sociais possuem influencia cultural (em seus corpos) e uma noção de corpo, mundo, escola, sua profissão, que define e orienta o mesmo em seu trabalho.
A ideia é entender o contexto da realidade dos mesmos e assim entender a justificativa de suas práticas de uma maneira melhor.

O tema do livro tem como intenção entender melhor a atuação do profissional de Educação Física na escola, mas eles usam do “olhar antropológico” para assim analisarem de uma forma melhor. E fazem isso de uma forma total, não dividindo em aspectos. (psicológicos, sociais, etc...) A idéia é compreender os professores e os motivos de suas práticas, parecendo certas ou não.

Mas meu objetivo é passar aqui nesse resumo a idéia da mesma possibilidade usada por Daólio em sua pesquisa, a do “olhar antropológico”. Ele nos traz a idéia de olhar como causa das práticas vários fatores, analisar a vida social e as diversas influencias culturais, para assim, chegar a uma conclusão.

DAOLIO (1995, pag.17) “Entretanto, poucas investigações em Ed.Física olharam para os professores como agentes sociais e para sua prática como determinada culturalmente.” , “Por que, como elementos sociais que são, esses professores traduzem, em sua prática docente, determinados valores segundo a forma como foram educados, como foram preparados profissionalmente, segundo a escola que trabalham...

Ele considera os atos desses professores não só como conseqüência de seus cursos superiores, ou de suas escolas, mas também de sua vida social e cultural desde a infância.

A experiência realizada por nós (Comer Sashimi de Polvo) foi uma forma de nos aproximarmos mais dessa cultura tão estranhada por nós (ocidentais) em muitos fatores, e um desses fatores é a “estranha” culinária feita geralmente com frutos do mar, crus.
Para que a experiência ocorresse com sucesso utilizamos da Antropologia no princípio de alteridade
e no “estudo do que nos é estranho” estudando o homem em todas as suas práticas e costumes (Laplatine, 1988) . Para assim melhorar nosso conhecimento sobre outra cultura e nos aproximarmos mais dela reconhecendo assim outros valores.
DaMatta (1978) citado por Daolio (1995) pag. 28) afirma que tem que haver um estranhamento de sua cultura e uma famirialização com a outra cultura, para assim chegarmos as “respostas”.

DAOLIO (1995) pag.24 “ O conhecimento antropológico da nossa cultura passa, inevitavelmente, pelo conhecimento das outras culturas, reconhecendo que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única. Entretanto, esse conhecimento não se dá objetivamente apenas a comparação com a nossa para percebermos o quão diferentes elas são. Esse conhecimento é realizado a fim de se compreender o fim de determinada manifestação cultural numa dada sociedade e, a partir disso, relacionar com certos aspectos da nossa própria sociedade.

A conclusão que cheguei pós as experiências e a convivência mesmo que não tão intensa,
foi que apesar das diferenças somos iguais, o alimento pode ser diferente, as roupas, a forma de falar, mas ainda é alimento, é roupa é linguagem. Cheguei a conclusão que as diferenças são causa de diversos aspectos, mas que somos mais parecidos do que pensei.


Como levo esse aprendizado para a Educação Física?


Penso que a Educação física deve trabalhar de uma forma cultural, além de trabalhar os diversos aspectos procedimentais diversos, traz um conceito e atitudes de valores muito mais críticos e analíticos perante a diversidade e assim como as culturas a relatividade.

Uma das críticas apresentadas por Viviane Mosé em sua palestra sobre os desafios da Educação foi que: as escolas não se aproximam da realidade dos alunos, ela cita o exemplo: se a escola for dentro de uma comunidade na qual ocorrem tiroteios frequentes, é necessário esse aspecto social da realidade daqueles alunos ser tratado em sala de aula, pois faz parte de suas vidas e o conhecimento passado na escola têm de ser útil para aqueles alunos. Vamos usar o exemplo do filme “Escritores da Liberdade”, a professora se aproxima da realidade dos alunos (inseridos em gangues etnocêntricas raciais) e traz para eles a história da 2ª guerra mundial, onde os mesmos problemas, levados ao extremo causaram milhares de mortes. Resumindo: o contexto da vida daqueles alunos, mudou, para melhor.

O que aprendi a defender pós isso
: Que a diversidade existe, mas assim como é citado no livro “(DA CULTURA DO CORPO, DAOLIO (1995) pag.) temos que valorizar o que os homens têm em comum que são as diferenças. Quer dizer toda cultura tem sua religião, sua culinária, suas vestimentas, seus valores. Mesmo que as comidas, as religiões, as roupas sejam diferentes todos as temos. Que se nas escolas forem trabalhadas dessa forma a melhora na sociedade será significante, pois além de aprendermos a trabalhar com as diferenças, o auto conhecimento será maior e de melhor qualidade. 

Abaixo o Vídeo da EXPERIMENTAÇÃO:




Bibliografia:
 
MEDINA, João Paulo S. O Brasileiro e seu corpo. Editora: Papirus, Campinas, 1990.
DAOLIO, Jocimar. Da Cultura do Corpo. Editora: Papirus, 1995.

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